Paciência apaixonada

Não faço - ainda - parte da Comunhão Anglicana e, sim, a Comunhão Anglicana importa. Por sinal, faço questão de enfatizar: A IEAB é a única Igreja Anglicana em território brasileiro que faz parte da Comunhão Anglicana. Não tenho, portanto, o direito de desqualificar o anglicanismo da IEAB por quaisquer que sejam as razões que eu possa ter. 


Não sei dizer se faço ou não parte da GAFCON, pois mesmo tendo feito há muitos anos meu registro no site oficial da mesma, nunca recebi um único contato dos responsáveis pela GAFCON no Brasil. Mas tal descuido não me dá o direito de desprezar sua importância e natureza verdadeiramente anglicana.

Do ponto de vista episcopal, sou herdeiro do movimento anglicano continuante, mas do ponto de vista teológico, sou herdeiro de homens como C. S. Lewis, John Stott, J. I. Packer, Alister McGrath, N. T. Wright e outros.  E mesmo diante do menosprezo que recebo dentro do movimento - talvez por meus irmãos co-herdeiros ignorarem um contexto mais amplo das identidades anglicanas ou por boa parte deles serem mais romanos do que possam admitir - não tenho o direito de a eles dar igual menosprezo, pois os mesmos deram-me acolhida, ainda que acolhida continuamente titubeante. 

Por tudo exposto acima, fui cooptado pelas palavras de Rowan Williams - 104º Arcebispo da Cantuária no decênio de 2002-12 - na introdução de seu livro <<Anglican Identities>> - título que inspira nosso blog. 
<<This is an age dramatically impatient and intolerant of many sorts of learning; and the modern church is not exempt. Perhaps these ‘identities’ may allow and encourage for some readers a pause for mind and feeling to be reintroduced to ‘passionate patience’. Perhaps the Anglican vocation still has this to give to the world, Christian and otherwise>>.

Williams, Rowan. Anglican Identities (pp. 7-8). Darton, Longman & Todd LTD. Edição do Kindle. 

Meu destaque em tradução livre:  <<Talvez essas 'identidades' possam permitir e encorajar alguns leitores a fazerem uma pausa para que mente coração sejam reintroduzidos a uma paciência apaixonada>>. 

Se você é realmente anglicano(a), saberá que é preciso ter paciência para permanecer. Concordo com Williams: talvez a vocação Anglicana seja ser despenseira de uma paciência apaixonada.